(Continuação de um extrato da obra Graças e desgraças da corte de el-rei Tadinho, de Alice Vieira. O Conselheiro de el-rei tinha acabado de admitir que tinha proclamado aos sete ventos que o rei daria a mão da sua filha em casamento a quem matasse o dragão das cinco cabeças.)
Raquel Sousa
Depois daquela revelação, o mundo parecia ter parado, tudo estava pasmado a olhar, apenas uma das cinco cabeças do dragão abanava e ria, parecia saber de algo.
Mas o rei estava tão desiludido com o conselheiro, afinal era suposto que o conselheiro só desse conselhos e não cumpri-los .
No final de 20 minutos, fez-se silêncio até que uma voz o quebrou, com um sotaque italiano:
-Ma Ma Mia! Vamos queimá-lo, cortá-lo e fazer puré com ele! - Esta voz era do cozinheiro, ele era muito vingativo.
Durante 25 minutos fez-se silêncio até que todos (à exceção de el-rei Tadinho), gritaram:
-Apoiado!!
Então o conselheiro engoliu em seco.
- Chega! Basta! Como se atrevem?! - gritou o rei indignado.
-Ó rei, nós temo razão!
-Mas onde está a vossa solidariedade?! - Na verdade, el –rei gostava muito do seu conselheiro.
-Todos merecem uma segunda oportunidade.
-Todos merecem uma segunda oportunidade.
-O problema é que já é a centésima vigésima terceira oportunidade que lhe dá! - ripostou o físico.
-Hammmm…Isso agora não interessa… - desculpou-se o rei.
-Interessa pois, não se lembra?! O que o contrato diz é:…
-Pronto, está bem! É o último aviso, conselheiro - concluiu o rei, desculpando-o mais uma vez.